FLORA GOMES: UM ATIVISTA CINEMÁTICO?

Faz-se interessante na contemporaneidade pensar e refletir sobre o que seriam os “direitos humanos”, quando se referem ao continente africano, já que estes foram utilizados para comprovar a inumanidade de Outros (Africanos e Americanos) ou ainda para justificar o abuso e exploração da sua suposta animalidade, como processos históricos (especificamente o colonialismo e a escravidão), nos quais estes sujeitos foram apagados e minimizados. Nestes marcos históricos, aconteceram massacres, genocídios e povos foram dizimados no continente africano e americano, talvez, em nome dos “Direitos humanos” ou em nome de “Deus”, da fé, para salvar as almas dos incrédulos, seria necessário explorar o corpo. Na verdade, o objetivo era encobrir a ganância por trás da exploração do homem africano e das riquezas encontradas no continente. Nesse sentido, como o cinema pode interferir e subverter o conceito de “direitos humanos” marcadamente eurocêntrico? Inicialmente, partindo da discussão da ideia de “descolonização das mentes”, para assim estabelecer a correlação com o contra discurso histórico, por vezes subversivo, de Flora Gomes, que nos seus filmes de ficção (Mortu Nega 1988; Olhos azuis de Yonta 1991; Pau de Sangue 1996; Nha fala 2002; República de meninos 2012), apresenta-nos signos de trânsitos, superação, atrevimento, pensando, refletindo e usando o cinema como uma forma de ativismo cinemático, como denomina Peter Mendy.

Jusciele Conceição Almeida de Oliveira . Universidade do Algarve . jusciele@gmail.com

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