No continente africano, as instituições estatais não têm conseguido suprir satisfatoriamente as necessidades básicas das suas populações. Por esse motivo assistiu-se, entre outros acontecimentos, às “revoltas do pão” em Moçambique, em 2010, ou à imolação de Mohamed Bouazizi na Tunísia, em 2011.
Em tal panorama político e social, têm emergido movimentos no seio da sociedade civil que se têm vindo a afirmar enquanto elementos vitais de protesto e de construção de espaços da cidadania ativa.
Estes movimentos têm conseguido denunciar tanto a inoperância do Estado quanto a ação das grandes corporações económicas contra as populações, nomeadamente na negação de vários direitos e no combate à impunidade. Também têm sido vitais na promoção da democracia e de uma massa crítica, enquadrados nos mais variados campos. Deste modo, estes movimentos são decisivos para o reconhecimento e a garantia de direitos fundamentais plasmados nos textos constitucionais, muitas vezes desconhecidos pelas comunidades menos favorecidas.
O campo de atuação dos movimentos é bastante amplo: defesa de grupos mais vulneráveis, garantia dos direitos humanos, promoção de condições dignas de trabalho, reconhecimento das minorias políticas ou de grupos social e economicamente marginalizados, conservação do ambiente, direito das mulheres, acesso à saúde, alimentação, educação e à terra, ocupando um espaço cada vez mais relevante no cenário político e social africano.
Os movimentos nascidos no seio da sociedade civil em todo o continente africano organizam-se em modelos variados e têm plataformas de difusão diversas, criando e fazendo uso de instrumentos de comunicação e difusão das suas ações e pensamentos, tais como rádios locais e comunitárias, bandas desenhadas e teatro popular. São agentes dinâmicos, que se servem das novas tecnologias, com especial relevo para as redes sociais e para as comunicações móveis, para dar mais alcance internacional e visibilidade às suas ações. São uma força de resistência, mas também de mudança, em mutação permanente.
A Conferência Internacional “Ativismos em África” procura debater as formas de ativismo e o seu impacto no processo de mudança social, considerando o seu alcance, dificuldades e limitações. Aceitam-se propostas para painéis que aprofundem a reflexão sobre as formas de ativismo cívico em todo o continente africano, atendendo aos seguintes tópicos:
- Ativismo de Direitos Humanos
- Ativismo e Exercício de Cidadania
- Ativismo Ambiental
- Ativismo de Género e LGBTI
- Ativismo e Movimentos Camponeses
- Ativismo na Saúde
- Ativismos e Mudança de Regime Político