Este trabalho faz parte de um projeto de doutoramento que tem o intuito de analisar a ideia de incorporação a partir de duas perspectivas: o aprendizado mimético e a conexão do corpo com a natureza. O objetivo principal é tentar responder porque os trabalhadores de São Tomé e Príncipe/África, e do Sul da Bahia/Brasil, não abandonaram as roças de cacau em cenários de crise. A pesquisa pretende investigar os corpos e as experiências motrizes como produtos e produtoras de práticas e sentidos, trabalhando conceitos no exercício epistemológico de aproximar e identificar similitudes de experiências humanas em lugares diferentes. Logo, a reflexão proposta vai se focada no estudo dos corpos que partilham de uma memória colonial, incorporada pelas práticas de cultivo da terra e das possibilidades e estratégias de sobrevivência em cenários de crise. O primeiro levantamento bibliográfico leva a supor que as roças estão em um cenário onde as atividades dos corpos não só produzem comunicações conscientes, mas que também existe um processo de incorporação que se conecta com a natureza, ou seja, o sujeito está situado em um sistema onde a sua importância está nas atividades dentro daquele meio – quem pensa é o corpo dentro do contexto. A integração do indivíduo consigo, com o outro e com a natureza vai promover a possibilidade das pessoas exercerem as suas agências e acreditarem que adquiriram a liberdade pela autonomia das práticas corporais.
Emiliano Dantas . ISCTE-IUL