Neste estudo, investigou-se como a ativista somali Ayaan Hirsi Ali, em sua autobiografia Infiel, a história de uma mulher que desafiou o islã (2007), constituiu a si nos diferentes espaços entre África, Ásia e Europa, parindo de sua experiência afro-islâmica. Essa obra, no período de seu lançamento, alcançou sucesso de vendas no mercado editorial de diversos países, tendo como marca fundamental a fragmentada subjetividade contemporânea de uma imigrante que, ao renunciar ao Islã, empreendeu uma luta pela liberdade de expressão enquanto mulher, que lhe rendeu a condenação à morte por fundamentalistas muçulmanos. Neste estudo, contou-se com as referências teóricas de Joseph Ki-Zerbo (2010) sobre a história da África, com o estudo acerca das matrizes culturais africanas, de Amadou Hampâté Bâ (2003; 2010). Quanto ao espaço biográfico contemporâneo, utilizaram-se os conceitos de Leonor Arfuch (2010; 2013). Os estudos de Stuart Hall (1996; 2000) viabilizaram reflexões acerca das questões identitárias e diaspóricas. Os constructos de Edward Said (1990; 2003; 2005) foram acionados para tratar sobre as demandas identitárias no exílio e sobre o orientalismo. Néstor Garcia Canclini (2005) foi imprescindível na discussão sobre as culturas híbridas e sobre o local dessas culturas. Utilizaram-se, ainda, os estudos de Homi Bhabha (1991; 2005), entre outros, que contribuíram para a reflexão acerca dos espaços do eu de Ayaan Hirsi Ali construídos em Infiel.
EUMARA MACIEL . Universidade Federal da Bahia . eumaramaciel@hotmail.com