Durante o processo que condenou os 17 ativistas angolanos (quinze homens e duas mulheres), iniciado com a prisão preventiva de 15 deles em 20 de junho de 2015, até o dia da libertação em 29 de junho de 2016, houve notável cobertura na imprensa escrita e televisiva local e internacional. Essa repercussão foi responsável pelo inaudito interesse que a prisão e o julgamento tiveram da opinião pública. É de se destacar que poucas vezes se viu vários veículos de imprensa acompanhar por um período tão longo, e quase cotidianamente, este tipo de ocorrência envolvendo ativistas de direitos humanos em África. Tal fato, ressalte-se, foi corresponsável pela crescente solidariedade que se observou em várias cidades do mundo e entidades políticas e da sociedade civil. Ainda assim, para além das referências a Laurinda Gouveia e Rosa Conde, as +2 ativistas condenadas no julgamento, pouco foi dito sobre o extraordinário protagonismo das mulheres angolanas, esposas, mães e amigas, para que muitas coisas acontecessem ou fossem denunciadas e visibilizadas durante o processo. Apresentarei, através de notícias divulgadas pela imprensa, mas sobretudo através de entrevistas inéditas, uma perspectiva analítica desse ativismo das mulheres angolanas que irrompeu durante o período de prisão dos 15+duas e se notabilizou pela urgência, pela solidariedade e pelos afetos como formadores políticos.
Susan de Oliveira . UFSC . susandeoliveira7@gmail.com