As florestas da Bacia do Congo, e as da República Democrática do Congo em particular, revestem-se de enorme importância aos níveis local, regional e internacional, pelo que inúmeras acções têm vindo a ser desenvolvidas com vista à sua utilização sustentável. Inúmeros actores individuais e institucionais têm procurado contribuir para a concepção e para a construção desta sustentabilidade, dando origem a um conjunto de formulações acerca das possibilidades de implementar os pilares económico, social e ecológico do desenvolvimento desejado. Estes contributos levantam, no entanto, algumas questões e podem dar origem a contestações, desde logo pela sua elaboração, maioritariamente conduzida a partir do exterior, mas também pelas incertezas existentes quanto às suas motivações fundamentais e às possibilidades reais de implementação no terreno. Algumas vozes locais têm questionado a ausência de representação efectiva das populações que habitam na floresta e que dela dependem para a sua subsistência quotidiana, bem como um silenciamento daqueles que desafiam os modelos de desenvolvimento e conservação prescritos por especialistas externos. Procuramos nesta comunicação discutir a escolha das vozes activas nos processos de decisão relativos à floresta congolesa e problematizar os silêncios existentes, nas suas causas e consequências.
Filomena Amaral . ISCTE-IUL . filomenacapelacorreia@hotmail.com