A causa nativista na imprensa africana: os casos de Angola e São Tomé (1870-1926)

Discutir e compreender a imprensa enquanto canal privilegiado de propagação das ideias nativistas e protonacionalistas no espaço urbano das colónias portuguesas em África é o objectivo central desta comunicação. Entre 1870 e 1926 emergiu e consolidou-se em Angola e São Tomé e Príncipe um conjunto de jornais periódicos que tinham como agenda prioritária as ideias, as causas e os temas nativistas. A imprensa nativa e africana desenvolveu-se nestes territórios coloniais como sintoma das dualidades e contradições do projecto imperial português. Na génese desta imprensa estiveram associações e lideranças nativas (proprietários, comerciantes e profissionais liberais) que fizeram do jornalismo um instrumento para resistir ao programa colonial, para propagar a causa africana e reivindicar do poder local e central políticas e medidas que alterassem a situação laboral, económica, cultural e sociopolítica do povo africano. Através de estudos de caso de Angola e São Tomé e Príncipe, entre 1870-1926, esta comunicação irá discutir a imprensa enquanto espaço de divulgação das ideias protonacionalistas e da luta por melhores condições de vida para a população africana. A comunicação debate como a imprensa africana abordou os temas nativistas e protonacionalistas, destacando que as lutas nativistas foram travadas em três vertentes: a frente da resistência ao projecto colonial; o viés estratégico, com ideais e causas de médio e longo prazo; e o campo factual, com reivindicações pontuais. A comunicação procura compreender o papel desempenhado pela imprensa africana enquanto plataforma da disseminação do nativismo e o seu legado para os movimentos nacionalistas.

 

Isadora de Ataíde Fonseca . Instituto Politécnico de Setúbal . iataide@hotmail.com

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