P02 – Activism in the Portuguese-Speaking Africa: Youth Cultures and Underground Movements
Federica Lupati . CHAM, FCSH-UNL e Universidade dos Açores
Márcia Aparecida da Silva Leão . ISCTE-IUL
The present panel aims at discussing the strategies through which activism manifests in the context of the Portuguese-speaking Africa and of the African diaspora. By observing the role of youth groups and their artistic production, we intent to focus our discussion on the resistance movements against the State’s abuse of power with the idea that creativity is used by the young generations as a powerful intervention tool with social and political meanings. Indeed, artistic movements also connect to tradition, redeeming it and adapting it to new, contemporary contexts with the purpose of producing change and transformation at all levels. By proposing a variety of theoretical perspectives, we intent to contribute to understanding the complexity of youth cultures and its relevance within the civil society. Our ambition is to highlight its interventional aspects and its power in raising consciousness, as well as its ability to act as an incentive for the exercise of citizenship and the recognition of the basic human rights of the minorities. The panel we are proposing will focus on these non-traditional interventional tools and present the specificities of youth cultures and movements in the Portuguese-speaking Africa and in the African diaspora, though field testimonies and the analysis of original material.
Papers
Our earlier studies about Maputo Rap (Rantala) and musician João Paulo (Maungue) illustrate that young musicians often receive ideas and inspiration from abroad for their locally motivated artistic expression. In this paper we analyse how Mozambican musicians have practiced social critique appropriating southern african principle of ‘poetic licence’ as well as musical patterns which are considered imported. Either elements of Blues, Jazz, Funk, Psychedely, Rock or Rap nor multiple influences from South African mines and other places of displacement and exile could not be ignored in explorations of Mozambican music’s local meanings. Bringing from research literature, Mozambican music material and ethnographic reading of our interviews and other field material, we assume that ”foreign” musical elements, althought historically marginalised in official discource, help musicians to amplify, in discrete manner if needed, their affirmation for freedom for their public. Senior musician’s nearly secret love for Jazz and Blues and Rap music’s communicative power in present-day Maputo show this. Methodologically we propose that better understanding about Mozambican music could be reached by giving up searching for authenticity approach and purely nationalistic perspectives into Mozambican music.
Janne Rantala
“I wish I could say what I think about my country!”, this was the response of an Angolan youth in an essay on race relations in Brazil posted on Facebook. Curious, I asked why that exclamation, and she told me that she didn’t live in a democracy. Knowing that she is an activist of Hiphop culture, I asked again: and the rappers who talk about the country, what happens to them? They’re persecuted and tortured, she said. Still on Angola, in a face to face dialogue with another interlocutor I discovered that elements of the narrative about the history of Hiphop in Angola dialogue with the ideas of war, colonialism, State and nation and a young population’s desire for change. This research aims to investigate, amid the practices of Hiphop culture, youth narratives in the post-colonial context of Angola. Hiphop as a global phenomenon has produced, especially among marginalized communities, local scenes, and the hypothesis of this project is that in Brazil, Portugal and PALOP (African Portuguese-speaking countries) by means of it, regulated discourses in history, everyday reality and new expectations of life are being constructed, which destabilize conventional ideas of nation and dismantle conceptions about Portuguese colonialism. Having as subjects local articulations of Hiphop in Luanda, Angola, the objective of this research is to understand the senses and agencies that are constructed by means of this movement as well as its impact in this building society.
Jaqueline Lima Santos . Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP . santos.jaquelinelima@gmail.com
A partir do ano de 2012 surgiu, na cidade da Praia, uma forte intervenção comunitária de jovens com curriculum social, intensificando as intervenções para reduzir o mal estar da juventude. Verificou-se também uma tendência dos jovens em procurar a paz. A violência nos bairros tem tido uma certa oscilação, às vezes subindo ou diminuindo de intensidade, consoante os períodos. A polícia tem aumentado a sua ação nos bairros, dando caça aqueles que cometem delitos e crimes. Nota-se que é preciso mais recursos e investimentos nos bairros, assim como mais trabalho, compreensão e responsabilização dos jovens. Definimos Curriculum Social como um tipo de intervenção comunitária dos jovens de bairros periféricos com base numa agenda própria (com enfoque na formação profissional, cultura, apoio escolar, atividades de ocupação de tempos livres, artesanato, desporto, etc.). Estes jovens podem possuir ou não diplomas académicos, sendo que a maioria não os têm, e intervêm, muitas vezes, longe das agendas públicas e dos media. Essas agendas dos jovens das periferias têm dado uma grande contribuição na resolução dos problemas, mormente da violência juvenil, devido a um trabalho positivo de consciencialização e pacificação dos jovens de bairros pobres e marginalizados, e também na mudança das estruturas socioeconómicas.
Nardi Sousa . Universidade de Santiago – Cabo Verde . nardi.sousa@us.edu.cv
Os protestos políticos pós-2008 marcaram uma nova era de contestação a nível mundial, uma vez que criaram movimentos de contestação que ocuparam espaços não consolidados das estruturas e organizações sociais contemporâneas, por um lado, e propuseram novas formas de organização política, por outro. Em Cabo Verde, esta época inaugurou novas formas de protestos públicos, com os seguintes: a consolidação do rap como uma importante ferramenta de contestação; a emergência de petições públicas e do activismo cibernético; o reaparecimento de manifestações culturais como forma de protestos simbólicos; o activismo juvenil comunitário e ocupações de equipamentos públicos abandonados; e os protestos de rua mobilizadas através das redes sociais. Com a presente comunicação, que tem por base um trabalho etnográfico no contexto juvenil urbano cabo-verdiano, pretendo, por um lado, relacionar o mal-estar social e a (re)emergência da reivindicação da identidade africana por partes de jovens em situação de marginalidade com o Estado pós-colonial cabo-verdiano e, por outro, discutir de forma exploratória a emergência dos movimentos juvenis surgidos em Cabo Verde nos últimos anos.
Redy Wilson Lima . CICS.NOVA-UNL . redywilson@hotmail.com
O movimento punk brasileiro, que se enquadra nos aspectos dos grupos caracterizados como pertencentes ao underground, tem suas origens em fim dos anos 1970, mas seria nos anos 1980 que o mesmo se estabeleceria (com ênfase no Estado de São Paulo e no Distrito Federal) e demonstraria sua voz ativa de resistência em relação às problemáticas ligadas ao Terceiro Mundo. Porém um fato deve ser enaltecido sobre o movimento que foi, e ainda é, sua visão ampla e plural sobre a realidade mundial. Apesar que o movimento traz especificidades locais, há uma preocupação em poder exteriorizar que a consciência de muito dos integrantes do movimento não fica restrita à realidade local, mas em algo maior que pode ser em níveis que partem do local, chegando ao mundial. Dessa forma, nota-se que algumas das principais bandas, nos anos 1980 até os anos 1990, demonstraram uma necessidade, através da música, de relatar realidades que o continente Africano vinha sofrendo nesse recorte cronológico específico, proporcionando assim uma demonstração de que o movimento, que por um certo tempo foi visto como algo do tipo “no future”, tinha preocupações em caráter social e político (relembrando que até o ano de 1985 o Brasil viveu sob o controle de governos militares, o que motivou e embalou muitas bandas a nascerem) que era maior do que se poderia imaginar, ou seja, não ficando as críticas à realidade local, mas críticas em outras partes do mundo que também sofriam com problemáticas diversas, como era o caso do continente africano que foi enredo para muitas das músicas importantes dentro a cena punk brasileira. O movimento punk brasileiro, que se enquadra nos aspectos dos grupos caracterizados como pertencentes ao underground, tem suas origens em fim dos anos 1970, mas seria nos anos 1980 que o mesmo se estabeleceria (com ênfase no Estado de São Paulo e no Distrito Federal) e demonstraria sua voz ativa de resistência em relação às problemáticas ligadas ao Terceiro Mundo. Porém um fato deve ser enaltecido sobre o movimento que foi, e ainda é, sua visão ampla e plural sobre a realidade mundial. Apesar que o movimento traz especificidades locais, há uma preocupação em poder exteriorizar que a consciência de muito dos integrantes do movimento não fica restrita à realidade local, mas em algo maior que pode ser em níveis que partem do local, chegando ao mundial. Dessa forma, nota-se que algumas das principais bandas, nos anos 1980 até os anos 1990, demonstraram uma necessidade, através da música, de relatar realidades que o continente Africano vinha sofrendo nesse recorte cronológico específico, proporcionando assim uma demonstração de que o movimento, que por um certo tempo foi visto como algo do tipo “no future”, tinha preocupações em caráter social e político (relembrando que até o ano de 1985 o Brasil viveu sob o controle de governos militares, o que motivou e embalou muitas bandas a nascerem) que era maior do que se poderia imaginar, ou seja, não ficando as críticas à realidade local, mas críticas em outras partes do mundo que também sofriam com problemáticas diversas, como era o caso do continente africano que foi enredo para muitas das músicas importantes dentro a cena punk brasileira.
LUIZ EDUARDO DE JESUS FLEURY . Instituto Federal Goiano de Educação – Campus Trindade (IFGoiano-Trindade) . luiz.fleury@ifgoiano.edu.br