Verifica-se, hoje, mesmo que timidamente, na academia e nos bairros de algumas cidades cabo-verdianas um, cada vez, maior diálogo teórico com a africanidade e endogeneidade. Alguns autores, como é o meu caso, procuram complementar o pós-colonialismo com a perspetiva que designamos de pós-libertação, agregando contribuições teóricas de pensadores africanos sobre a situação (passada e presente) do continente, trazendo para a discussão as Agendas de Libertação. Trabalha-se na Academia e nas ruas no sentido da descolonização inteletual e desconstrução de perspetivas eurocêntricas, procurando purificar o corpus de referências (teóricas). Essas contribuições teóricas revelam que a luta que se trava vai ainda na direção à des-alienação, o que exige um novo método discursivo que se apoia em histórias locais, que constituem uma força poderosa e interpretativa, valorizando a epistemologia dos autótones e trazendo os “conhecimentos escondidos” (Mafeje, 2001), textos sociais escritos pelas próprias populações, enquanto produtoras de conhecimentos. Esta comunicação pretende dar conta do novo ativismo intelectual sobre as questões africanas (história de África, filosofia africana, género, direitos humanos, cidadania, educação, etc) que tem surgido na sociedade cabo-verdiana, visando repensar a contemporaneidade e as suas agendas (importadas e endógenas) à luz de novas perspetivas.
Nardi Sousa . Universidade de Santiago – Cabo Verde . nardi.sousa@us.edu.cv