Activista socio-ambiental e desenvolvimento sustentável

P12 – Activista socio-ambiental e desenvolvimento sustentável

Filomena Amaral . ISCTE-IUL & UAB

Se o Desenvolvimento Sustentável se constitui pelos pilares económico, ambiental e social, a sua implementação relativa aos sectores extractivos em África parte de modelos definidos no Norte Global, conduzindo à exclusão daqueles que deveriam ser os principais actores das transformações do seu processo de construção conceptual e pragmática. Os modelos participativos utilizados parecem ter como objectivo a legitimação de processos, através da consulta formal das populações, sem que ocorra transferência de qualquer tipo de poder efectivo. Ainda que esta seja uma situação transversal nas sociedades rurais, determinadas minorias, absolutas ou simbólicas, vêem reforçada a sua já existente exclusão das tomadas de decisão, embora o seu quotidiano possa vir a ser seriamente afectado pelas eventuais actividades a implementar. É o caso dos jovens, das mulheres e povos indígenas que, sendo constitucionalmente cidadãos de pleno direito, permanecem marginalizados em relação ao poder. A defesa destas minorias, essencialmente das mulheres e dos povos autóctones, traduz-se em formas mais ou menos complexas de activismo sócio-ambiental, essencialmente através da criação de organizações da sociedade civil, que desenvolvem trabalho na área de sensibilização e vulgarização, dentro e fora das comunidades que representam, e que lutam contra desigualdades políticas, sociais, económicas e ambientais existentes. Embora estes movimentos sejam por vezes condicionados pela dependência de financiamentos externos e capturados por interesses individuais, a sua actividade é essencial na construção da democracia, da igualdade e da justiça.


Papers

World leaders signed a groundbreaking pledge in Paris in December, 2015 at the end of the 21st UNFCCC Climate Talks at Paris (COP21). For many it’s an outstanding hope after 20 years of bitter defeat of the Kyoto Protocol. Africa is one of the most vulnerable continents to climate change. The phenomenon negatively impacts the means and modes of existence, increases poverty, conflicts and wars. Facing the challenges, there must be big actions to match the effects of climate change given the size of the problem it poses. But in the facts, is that the leaders of this world really want to fight against climate change.  Do you know that the budget of the COP21 and COP21 and the 2000 meetings conducted in Paris have already solved once and for all the issue of climate refugees in Africa? Do you know how many people die daily for lack of water in Africa? And what our leaders do for these 4000 children who die per day for water-related problems?

 

Mahugnon Serge Djohy . CliMates . sergedjohy@gmail.com

The paper examines the connection of migration and climate change-two of the most important processes of recent time. With much to be explored on migration topics in which the analysis of facts are frequently biased by many assumptions, clichés  or  infact  fantasies. It takes a look at how a rigorous approach to this phenomenon actually faces many challenges, including extreme diversity of concrete forms and continuous transformations, making any attempts at projections  rendering  it with  much unexpectations. It  dwells  on  nomadization ,a migratory form. The study describes the incessant resource conflicts  witnessed in  Nigeria  with indigenous farmers,local  and foreign cattle rearers- (herdsmen ) who ply Nigerian  territory at will with the attendant loss of lives,properties ,destruction of farm produce  environmental degradation and now cases of kidnapping. It reveals the relevance of migration (and translocality ) for adaptation to climate change, how the nomads are able to break almost all territorial barriers. Getting their families resided in the country with established business and trading partnership, work  to improve livelihood in a country that provides relatively easy access and receptive to nomadic migrants entrepreneurial spirit or their specific skills.Having maintained historical alliances,a shared language and religion.

 

Williams Adebamiji . Faculty of Management, Department of Public  Administration, Enugu  State University of Science and Technology (Nigeria) . williamsadebamiji@gmail.com

 

A exploração de recursos naturais afecta fortemente as sociedades rurais africanas. Negociada e implementada sem a sua participação, a exploração de recursos naturais altera drasticamente o espaço produtivo e, consequentemente, a capacidade produtiva destas sociedades, ameaçando a sua coesão social. No extremo noroeste da Guiné Bissau e numa faixa estreita do sudoeste de Casamança, no Senegal, encontra-se estabelecida a sociedade agrícola Felupe, ou Joola-ajamaat. Avessos a ingerências externas e ciosos da sua organização social, os Felupe mantêm ainda hoje muitas das suas características tradicionais.  Bem adaptados ao meio – área muito irrigada, com muitos mangues e palmares e um solo ferruginoso rico em matérias orgânicas, meio propício à orizicultura – desenvolveram um conjunto de saberes e técnicas que, durante séculos, lhes permitiu assegurar as suas necessidades alimentares e religiosas e manter a sua coesão social.  Contudo, o seu sistema produtivo e a sua economia de subsistência, já de si fragilizados pelas alterações ambientais e diminuição de mão-de-obra, encontram-se hoje fortemente ameaçados pela exploração de areias pesadas no seu “chão”. Confrontados com a destruição de terras e culturas, adoptam estratégias reivindicativas tradicionais, no meio rural, e estratégias modernas, em meio urbano. Nesta comunicação, fruto de uma investigação em curso, pretende-se analisar as estratégias reivindicativas adoptadas pelos Felupe em defesa das suas terras e do seu modo de vida.

 

Lúcia Bayan . CEI-IUL . luciabayan@gmail.com

There exist grave problems in the communication between African Agrarian Societies and external actors, be these state or non-state actors, agents of development, humanitarian aid or activists of all hues and denominations. We study the internal communication processes of African Agrarian Societies in an ideal-type (Weber), their traditional communication with the outside world, such as other African Agrarian Societies, the fuzzy interfaces they have developed over history as well as their communication models and strategies. The absence of functioning communication interfaces that could overcome deep divides in perception, language, strategies and models contribute to the tensions and conflict potential between different Agrarian Societies and external actors. We develop a new understanding based on an approach that combines cues, signals and symbols in communication with people and with spirits. Their collective soul bridges live and dead members as well as the spirits of nature.  We look at their coping strategies when confronted with external onslaught of modern communication by different actors, such as missionaries, school, peri-modern states and by their communication strategies based on media. Although the cultural divide between societies can never be completely overcome, a better knowledge of African Agrarian Societies’ communication may help outside actors to improve their communicative approaches, be they public policies, development interventions or the varied range of social and political activisms.

 

Ulrich Schiefer . ISCTE-IUL . schiefer@iscte.pt
Ana Larcher Carvalho . ISCTE-IUL . anacatarinalarcher2010@hotmail.com

As florestas da Bacia do Congo, e as da República Democrática do Congo em particular, revestem-se de enorme importância aos níveis local, regional e internacional, pelo que inúmeras acções têm vindo a ser desenvolvidas com vista à sua utilização sustentável. Inúmeros actores individuais e institucionais têm procurado contribuir para a concepção e para a construção desta sustentabilidade, dando origem a um conjunto de formulações acerca das possibilidades de implementar os pilares económico, social e ecológico do desenvolvimento desejado. Estes contributos levantam, no entanto, algumas questões e podem dar origem a contestações, desde logo pela sua elaboração, maioritariamente conduzida a partir do exterior, mas também pelas incertezas existentes quanto às suas motivações fundamentais e às possibilidades reais de implementação no terreno. Algumas vozes locais têm questionado a ausência de representação efectiva das populações que habitam na floresta e que dela dependem para a sua subsistência quotidiana, bem como um silenciamento daqueles que desafiam os modelos de desenvolvimento e conservação prescritos por especialistas externos.  Procuramos nesta comunicação discutir a escolha das vozes activas nos processos de decisão relativos à floresta congolesa e problematizar os silêncios existentes, nas suas causas e consequências.

 

Filomena Amaral . ISCTE-IUL . filomenacapelacorreia@hotmail.com

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